A importância da autoestima do colaborador que reconhece a potência de sua força de trabalho.

O trabalho é das mais importantes expressões do saber humano, é o que desenvolve o sujeito e a sociedade, esta ligado não apenas a necessidade de sobrevivência, mas também a identidade e a autoestima. Todo ofício tem uma importante função social e é de extrema relevância que haja esse reconhecimento, tanto do trabalhador quanto da organização.

Entretanto, ainda existem postos de trabalho com pouco reconhecimento de mercado.

Diversas funções são inferiorizadas, e os profissionais que nelas atuam sentem-se a margem, não se veem como parte estratégica do desenvolvimento organizacional e não conseguem reconhecer seu papel social.

Para Dedecca (2005) a própria sociedade também contribui para essa segregação, somos um país que historicamente desenvolve uma relação distorcida com o trabalho, já que até 1888 a mão de obra escrava ainda era uma realidade no Brasil, de forma que algumas funções, principalmente as domésticas e mais operacionais, ligadas a manutenção e limpeza, até hoje, são vistas como de baixo valor, o que é fruto desta construção deturpada sobre o trabalhador, herança dos nossos anos de monarquia.

Diante destas problemáticas sociais, é um desafio para o setor de desenvolvimento humano facilitar o encontro do trabalhador com sua função social, e a organização precisa reconhecer a necessidade de promover esta tomada de consciência. Um trabalhador com lucidez sobre seu papel e função dentro da instituição torna-se verdadeiramente um colaborador, que entende que seu ofício tem relevância dentro dos objetivos da empresa.

Algumas instituições incorrem no erro de cobrar que seus trabalhadores ponham-se a colaborar e “vestir a camisa da empresa” sem verdadeiramente promover um engajamento; O comprometimento do trabalhador só aparecerá quando ele perceber-se como um profissional.

Segundo Dourado (2009) percebemos atualmente que alguns profissionais se utilizam de discursos motivacionais que incentivam o amor ao ofício, sem compreender que, antes de amar o que se faz é necessário entender o porquê se faz, saber o sentido do trabalho é muito mais empoderador do que um discurso que não leva em consideração as diversas contingências sociais das quais trabalhadores que desempenham tais funções estão expostos.

Atividades que promovem esse encontro dos trabalhadores com o sentido de seus trabalhos ajudam na produtividade da organização e atualmente, ações como estas, são consideradas estratégias poderosas para alcançar objetivos e metas, já que o engajamento dos colaboradores torna-se consequência do reconhecimento da importância de sua força de trabalho e a visão transformadora sobre si mesmo e seu potencial.

O trabalho, independente da função, precisa ser enxergado como verdadeiramente é, um dos mais importantes símbolos da existência humana, a manifestação genuína da capacidade de homens e mulheres transformarem o meio e serem transformados (as) por ele, é algo semelhante à arte, é a capacidade de sair de suas necessidade e servir as necessidades do outro. A quem diga que o trabalho edifica o homem, mas para o filosofo Camus (1913-1960) o trabalho Humaniza.

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REFERÊNCIAS :

DEDECCA C. S. : Notas sobre a Evolução do Mercado de Trabalho no Brasil. Revista de Economia Política, vol. 25, nº 1 (97), pp. 113-130, janeiro-março/2005

DOURADO D.P.: Sobre o sentido do trabalho fora do enclave de mercado. CADERNOS EBAPE. BR, v. 7, nº 2, artigo 10, Rio de Janeiro, Jun. 2009.

CAVALETT S. : O SIGNIFICADO DO TRABALHO. Revista Sanara V.11 julho a dezembro de 2009.